"Compartilhando Experiências: Superando Desafios e Ampliando Horizontes"

Neste espaço, pode-se escrever as experiências boas e ruins como uma forma de compartilhar nossas dificuldades ao trabalharmos em um país onde as leis e decretos frequentemente não passam do papel. Quando criei este blog, meu objetivo era desabafar a frustração que sentia ao ver tantos alunos em Goiânia sem intérpretes de Libras devido ao descaso do governo. No entanto, logo percebi que poderia ir além e comecei a publicar textos de pessoas que nem conhecia, mas que gostei de ler. Acreditei que compartilhar esse material seria útil para outras pessoas em suas pesquisas. Surpreendentemente, meu blog teve um acesso significativo em pouco tempo, considerando que foi criado em abril de 2011. Gostaria de expressar meu agradecimento a todos que têm visitado este blog. Espero ter ajudado e contribuído de alguma forma. Se você tiver um texto para compartilhar, envie-me, pois eu o postarei, o que também será uma ajuda para mim. E-mail: regisneia@gmail.com

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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Síntese: um pouco mais, e ainda, sobre a educação de surdos

Imagem Google bloco de brinquedo letras a, b, c
Esta síntese é a primeira parte dos estudos das professoras Regina Maria de Souza e Núria Silvestre em seu livro: Educação de surdos por Valéria Amorim Arantes. Sempre que posso procuro pesquisar e ler algo pra poder postar aqui, sabendo que de uma forma ou de outra acabo por citar vários livros, assim como eu fiz em algumas postagens. Eu decidi hoje fazer uma síntese desse e de outros livros que considero importante para aqueles que estão cursando Letras Libras ou Educação Especial; quantas são às vezes em que temos que fazer um trabalho e não temos nenhuma inspiração e nem ao menos sabemos por onde começar, que livros comprar para podermos usá-lo como referência. E foi por ter passado por isso que hoje procuro baixar vários livros que estão disponíveis na internet, imprimi-los e encaderná-los para meu uso futuro, outras vezes visito alguns Sebos que têm em Goiânia ou livrarias que estão em promoção pra poder me atualizar em meus estudos. É verdade que com a correria do estudante pós-moderno que tem como extensão a modernidade em sua ampla tecnologia 2.0, que trabalha e estuda não pode ter tanto tempo disponível pra leituras extensas e projetos mirabolantes, por isso estou dando essa mãozinha a vocês, aproveitando é claro para me desculpar, pois não sou nenhuma mestra em resenhas ou sínteses, porém considere que como você eu também sou uma estudante e estou aprendendo a cada dia.
Apresentação:
Em 22 de dezembro de 2005, o senhor presidente Luiz Inácio Lula da Silva, decretou a inclusão da Libras como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, nos níveis médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos estados, Distrito Federal e dos municípios (Decreto nº 5.626).
De modo bem resumido, para Piaget a aquisição da linguagem é entendida como efeito de um processo no qual a língua é tomada como objeto de conhecimento pela criança (Piaget, 1983). De fato, para Piaget, havendo universalidade nas características de cada estágio cognitivo, para além de fatores culturais, ela (essa universalidade) não seria uma conquista filogenética, isto é, não estaria à disposição da criança por herança; pelo contrário, os conceitos formais e os esquemas lógicos (apesar de seu caráter universal) seriam frutos de construção ontogenética pela criança. Em outras palavras para Piaget cada criança teria a tarefa de reconstruir/repetir, por si, a história do conhecimento humano.
Chomsky (1983) defende o inatismo: ao nascer, a criança traria consigo a gramática universal, entendida como conjunto dos elementos formais mínimos - necessários embora não suficientes - para a aquisição de qualquer língua. A esse priori, Chomsky denominou competência linguística.
Quando nascemos, fazemos parte de um universo onde a linguagem já existe - um mundo marcado por signos, falas sinais, gestos e significados das mais distintas naturezas. Com base na psicanálise, assumo a ideia de que há uma captura do sujeito pela e na linguagem, possível por um jogo de presença e ausência a partir de uma falta jamais preenchida. Uma palavra apenas remete a outra palavra que tem como função se colocar como possibilidade de representar um objeto, embora não possa afirmar que represente imageticamente o objeto. Portanto, para a psicanálise, a linguagem, antes de ser um objeto de conhecimento, é a instância mesma que torna possível o que chamamos de sujeito, que o captura e o produz como efeito.
O "cidadão" é uma abstração, posição apenas possível no jogo de regulações institucionais mediante representação por outrem. Em relação ao Estado, o cidadão não se faz ouvir senão por um porta-voz: advogado, vereador, deputado, laudo hospitalar, parecer médico, avaliação do professor ou da escola etc. 
O movimento de retorno a Freud, empregado por Jacques Lucan, instaura a referência ao sujeito para resgatar a ética de uma singularidade não passível de ser definida, já que é da ordem do desconhecido para o próprio sujeito. Assim sendo, a psicanálise se põe na contrapartida da lógica social homogeneizadora do Estado moderno. Nessa perspectiva, há sempre uma verdade, não sabida, na demanda do sujeito ao analista. 
A psicanalista Ana Fernandez (2006), ao discutir o processo de identificação do sujeito com o outro, destaca a relevância do estágio do espelho. "Espelho", segundo ela, entendido como metáfora de uma posição na qual o sujeito se identifica como "eu". O estágio do espelho mostra que o "eu" é produto de conhecimento, lugar onde o sujeito se rende a si mesmo. Sem o outro e sua palavra, não há "eu". Nesta rendição, há o movimento inconsciente de ter com o Outro a unidade.
O Outro não se confunde, pois, com o outro - o campo deste último é o da pura dualidade nos termos que usualmente a psicologia lhe confere. Na teoria, trata-se de pensar a alteridade a partir da noção de alienação à imagem especular - o outro - e a designá-la como um si-mesmo, ou como uma representação do eu marcada pela prevalência da relação dual com a imagem do semelhante (Roudinesco e Plon, 1997, p. 559). 
Na perspectiva lacaniana, sem estar na língua não é possível ao indivíduo se pôr no imaginário, ocupando a posição de sujeito de conhecimento; nem, também, render-se a um jogo especular a partir do qual se identifica com um grupo humano. Daí porque o ensino mecânico da língua - oral, escrita ou de sinais - pouco pode produzir, a não ser o automatismo da repetição.
Apenas uma língua produz cultura; e não se pode estar na língua a não ser por meio do desejo, de natureza pulsional, que movimenta o sujeito para si e para o outro, enlaçando-o na cultura, o que lhe permitirá fazer parte de uma comunidade.
Do meu ponto de vista, franquear um ensino bilíngue na escola é permitir que a relação do sujeito como o(a) professor(a), com colegas e com o próprio conhecimento se faça a partir do desejo de se fazer singular "ali onde o sentido se quebra e faz nó no sem sentido" (Bordoli, 2005, p. 24).
Referências Bibliográficas 

ZOUZA, Regina Maria; SILVESTRE, Núria. Línguas e sujeito de fronteira: um pouco mais, e ainda, sobre a educação de surdo; Sujeito, linguagem, cultura e ensino. EDUCAÇÃO DE SURDOS. São Paulo, Summus, 2007.