"Compartilhando Experiências: Superando Desafios e Ampliando Horizontes"

Neste espaço, pode-se escrever as experiências boas e ruins como uma forma de compartilhar nossas dificuldades ao trabalharmos em um país onde as leis e decretos frequentemente não passam do papel. Quando criei este blog, meu objetivo era desabafar a frustração que sentia ao ver tantos alunos em Goiânia sem intérpretes de Libras devido ao descaso do governo. No entanto, logo percebi que poderia ir além e comecei a publicar textos de pessoas que nem conhecia, mas que gostei de ler. Acreditei que compartilhar esse material seria útil para outras pessoas em suas pesquisas. Surpreendentemente, meu blog teve um acesso significativo em pouco tempo, considerando que foi criado em abril de 2011. Gostaria de expressar meu agradecimento a todos que têm visitado este blog. Espero ter ajudado e contribuído de alguma forma. Se você tiver um texto para compartilhar, envie-me, pois eu o postarei, o que também será uma ajuda para mim. E-mail: regisneia@gmail.com

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terça-feira, 21 de junho de 2011

Integração X Inclusão

Imagem Google desenho de crianças deficientes sentadas felizes

Todos sabem que os alunos portadores de necessidades educativas especiais são atendidos pela Educação Especial. Chega-se então, a um dos conceitos mais importantes: a diferença entre integração e inclusão. Estudando a integração: incorporação física e social de pessoas que estão isoladas ou segregadas das demais, tornando-se parte da sociedade. O atendimento despe-se do caráter da assistência, ao invés de terapêutico, torna-se educativo, enfatizando-se as potencialidades, em vez das incapacidades, e a deficiências perde a condição de doença. O conceito de integração levou à reestruturação da Educação Especial em todo mundo. No Brasil, infelizmente, as questões ficaram mais em nível teórico (voltado para a produção científica dos estudiosos), que prático. No final dos anos 80, as tentativas de integração estavam fundamentadas, em um princípio predominante: o mainstreaming, que significava levar os alunos para serviços disponíveis na comunidade. Estes serviços eram em classes regulares e/ou em aulas de Artes, Músicas, Educação Física ou atividades extracurriculares. Houve muitas críticas a essa questão, principalmente a do não pertencimento desses alunos a nenhum grupo e a de que significava, na realidade, a mera colocação dos alunos portadores de NEE em várias salas. Na década de 90, as críticas atingiram o máximo observando que essas estratégias só integravam os alunos que estivessem preparados para enfrentar diversos tipos de dificuldades delas decorrentes. Então surgiu um segundo paradigma, para agitar mais o cenário da Educação Especial. Trata-se da inclusão, que não onerava apenas os portadores de necessidades educativas especiais, mas exigia um esforço da toda a sociedade, no sentido de mudanças de atitudes, práticas menos discriminadoras e mudanças físicas, para acolher estas pessoas. No Brasil, existe a coexistência de dois paradigmas: o da integração e o da inclusão. O modelo de integração demanda um sistema de serviços, uma rede de recursos centrada no indivíduo, ao passo que o modelo de inclusão requer um sistema de suportes, uma rede de apoio, caracterizando uma intervenção no próprio sistema. Pelo que foi percebido, o modelo de integração ainda é o prevalecente, mesmo que tenha recebido a nova denominação de "inclusão". E então como facilitar a inclusão? Não existe um procedimento padrão, como se constituíssem uma "receita" para esta facilitação. É preferível no entanto, levantar cinco aspectos, os mesmos discutidos no Seminário Educação Inclusiva no Brasil - Diagnóstico Atual e Desafios para o Futuro, que são: O estabelecimento de políticas públicas que tenham como pressupostos, entre outros:
  • maior clareza no referencial conceitual quanto às necessidades educativas especiais e à definição de quem é o aluno com NEE, assim como quanto à inclusão para todos que enfrentam dificuldades de aprendizagem;
  • definição do conceito, do papel e do lugar de inclusão na política pública do Estado ou Município, com relação à rede de ensino nos diversos níveis escolares, da educação infantil à educação superior;
  • maior clareza nas metas estabelecidas, prioridades e prazos dos programas pra promover a inclusão e garantir  o sucesso escolar de alunos com necessidades educativas especiais em todas as escolas da rede;
  • a formação de recursos humanos capacitados para lidar com os alunos portadores de necessidades educativas especiais, Esta formação - inicial e contínua - deve ser de qualidade e focalizar aspectos como o que é aprendizagem e desenvolvimento, o que é ensinar, qual o papel da escola, além das questões específicas das necessidades educativas especiais e do seu atendimento. Neste sentido, deve ser voltada para a reflexão sobre as concepções que referenciam as práticas pedagógicas. A qualidade da formação reside no movimento de "desconstrução" de modelo educacional excludente e, consequentemente, na construção de novos paradigmas que desafiem a recriação do sentido de educar, provocando e consolidando práticas questionadoras e alicerçadas no "fazer pensando" - traduzido, aqui, como práticas de pesquisa. Os conhecimentos teóricos, apesar de sua importância e de sua relevância, são insuficientes quando confrontados com as exigências dos processo ensino-aprendizagem. A formação de professores deve colocar ênfase na investigação e no questionamento suscitado pela articulação entre a teoria e a prática, cujo movimento ação-reflexão traduz-se em transformações que avançam na direção de melhores formas de compreensão do fenômeno educacional e da busca de soluções para os problemas encontrados no cotidiano escolar, marcado pela imprevisibilidade, pelo múltiplo, pelo plural. 
  • O uso de tecnologia assistiva, pois o sucesso de alunos com necessidades educativas especiais pode ficar comprometido pela falta de recursos e soluções que os auxiliem na superação de dificuldades funcionais no ambiente da sala de aula e fora dele. Os recursos  e as alternativas disponíveis são considerados caros e pouco disponíveis para todos. Por isso, torna-se necessário disseminar esse conhecimento e fomentar a produção de tecnologia assistiva. As diversas modalidades de tecnologia assistiva incluem recursos de comunicação alternativa, de acessibilidade ao computador, de atividades de vida diária, de orientação e mobilidade, de adequação postural, de adaptação de veículos, órteses e próteses, entre outros. Isso inclui, também, embora mais recentemente, a produção de softwares e equipamentos informáticos, especialmente no campo dos leitores de tela.
  • A consecução da acessibilidade utilizando, entre outros recursos, o Desenho Universal. Ele deve ser aplicado, por exemplo, em rampas e banheiros adaptados, nos transportes coletivos.
Ao analisarmos a Educação Inclusiva pelo enfoque da acessibilidade, é prioritário:
  • o entorno - o percurso do aluno à escola, às ruas, o meio de transporte, por exemplo;
  • o edifício da escola;
  • a sala de aula e seu mobiliário;
  • o material didático;
  • o equipamento de informática;
  • as ajudas técnicas de informática;
  • a realização das adaptações curriculares necessárias, considerando-se aqui duas modalidades necessárias para a inclusão de alunos com necessidades educativas especiais, em classes regulares - as adaptações de acesso ao currículo (eliminação de barreiras arquitetônicas e metodológicas) e as adaptações pedagógicas (ou curriculares, propriamente ditas). (OLIVEIRA & SÁ, 2008).
Reconhecemos que desenvolver um processo de educação inclusiva não é algo fácil. Não é algo que se consiga por um "passe de mágica", requer planejamento, aceitação das diferentes maneiras de ser e de expressar da cada educando, assim como uma reflexão permanente sobre as práticas empreendidas na escola, visando a oferta da respostas adequadas às suas necessidades. (MARTINS,2006).
A educação inclusiva pode ser definida como "a prática da inclusão de todos - independentemente de seu talento, deficiência, origem socioeconômica ou cultural - em escolas e salas de aula provedoras. onde as necessidades desses alunos sejam satisfeitas" (STAINBACK & STAINBACK, 1999:21).

Referências

Martins, Lúcia de Araújo Ramos. Inclusão Compartilhando Saberes: Inclusão escolar: algumas notas introdutórias, Petrópolis , RJ: Vozes, 2006
Oliveira, Eloíza da Silva Gomes; Sá, Mácia Souto Maior Mourão. Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Inclusão: Atitudes e técnicas facilitadoras da inclusão, Curitiba: IESDE Brasil S.A.,  2008.
Atenção! Importado e modificado apenas para leitura de pesquisadores.