Imagem Google desenho de crianças deficientes sentadas felizes |
Todos sabem que os alunos portadores de necessidades educativas especiais são atendidos pela Educação Especial. Chega-se então, a um dos conceitos mais importantes: a diferença entre integração e inclusão. Estudando a integração: incorporação física e social de pessoas que estão isoladas ou segregadas das demais, tornando-se parte da sociedade. O atendimento despe-se do caráter da assistência, ao invés de terapêutico, torna-se educativo, enfatizando-se as potencialidades, em vez das incapacidades, e a deficiências perde a condição de doença. O conceito de integração levou à reestruturação da Educação Especial em todo mundo. No Brasil, infelizmente, as questões ficaram mais em nível teórico (voltado para a produção científica dos estudiosos), que prático. No final dos anos 80, as tentativas de integração estavam fundamentadas, em um princípio predominante: o mainstreaming, que significava levar os alunos para serviços disponíveis na comunidade. Estes serviços eram em classes regulares e/ou em aulas de Artes, Músicas, Educação Física ou atividades extracurriculares. Houve muitas críticas a essa questão, principalmente a do não pertencimento desses alunos a nenhum grupo e a de que significava, na realidade, a mera colocação dos alunos portadores de NEE em várias salas. Na década de 90, as críticas atingiram o máximo observando que essas estratégias só integravam os alunos que estivessem preparados para enfrentar diversos tipos de dificuldades delas decorrentes. Então surgiu um segundo paradigma, para agitar mais o cenário da Educação Especial. Trata-se da inclusão, que não onerava apenas os portadores de necessidades educativas especiais, mas exigia um esforço da toda a sociedade, no sentido de mudanças de atitudes, práticas menos discriminadoras e mudanças físicas, para acolher estas pessoas. No Brasil, existe a coexistência de dois paradigmas: o da integração e o da inclusão. O modelo de integração demanda um sistema de serviços, uma rede de recursos centrada no indivíduo, ao passo que o modelo de inclusão requer um sistema de suportes, uma rede de apoio, caracterizando uma intervenção no próprio sistema. Pelo que foi percebido, o modelo de integração ainda é o prevalecente, mesmo que tenha recebido a nova denominação de "inclusão". E então como facilitar a inclusão? Não existe um procedimento padrão, como se constituíssem uma "receita" para esta facilitação. É preferível no entanto, levantar cinco aspectos, os mesmos discutidos no Seminário Educação Inclusiva no Brasil - Diagnóstico Atual e Desafios para o Futuro, que são: O estabelecimento de políticas públicas que tenham como pressupostos, entre outros:
- maior clareza no referencial conceitual quanto às necessidades educativas especiais e à definição de quem é o aluno com NEE, assim como quanto à inclusão para todos que enfrentam dificuldades de aprendizagem;
- definição do conceito, do papel e do lugar de inclusão na política pública do Estado ou Município, com relação à rede de ensino nos diversos níveis escolares, da educação infantil à educação superior;
- maior clareza nas metas estabelecidas, prioridades e prazos dos programas pra promover a inclusão e garantir o sucesso escolar de alunos com necessidades educativas especiais em todas as escolas da rede;
- a formação de recursos humanos capacitados para lidar com os alunos portadores de necessidades educativas especiais, Esta formação - inicial e contínua - deve ser de qualidade e focalizar aspectos como o que é aprendizagem e desenvolvimento, o que é ensinar, qual o papel da escola, além das questões específicas das necessidades educativas especiais e do seu atendimento. Neste sentido, deve ser voltada para a reflexão sobre as concepções que referenciam as práticas pedagógicas. A qualidade da formação reside no movimento de "desconstrução" de modelo educacional excludente e, consequentemente, na construção de novos paradigmas que desafiem a recriação do sentido de educar, provocando e consolidando práticas questionadoras e alicerçadas no "fazer pensando" - traduzido, aqui, como práticas de pesquisa. Os conhecimentos teóricos, apesar de sua importância e de sua relevância, são insuficientes quando confrontados com as exigências dos processo ensino-aprendizagem. A formação de professores deve colocar ênfase na investigação e no questionamento suscitado pela articulação entre a teoria e a prática, cujo movimento ação-reflexão traduz-se em transformações que avançam na direção de melhores formas de compreensão do fenômeno educacional e da busca de soluções para os problemas encontrados no cotidiano escolar, marcado pela imprevisibilidade, pelo múltiplo, pelo plural.
- O uso de tecnologia assistiva, pois o sucesso de alunos com necessidades educativas especiais pode ficar comprometido pela falta de recursos e soluções que os auxiliem na superação de dificuldades funcionais no ambiente da sala de aula e fora dele. Os recursos e as alternativas disponíveis são considerados caros e pouco disponíveis para todos. Por isso, torna-se necessário disseminar esse conhecimento e fomentar a produção de tecnologia assistiva. As diversas modalidades de tecnologia assistiva incluem recursos de comunicação alternativa, de acessibilidade ao computador, de atividades de vida diária, de orientação e mobilidade, de adequação postural, de adaptação de veículos, órteses e próteses, entre outros. Isso inclui, também, embora mais recentemente, a produção de softwares e equipamentos informáticos, especialmente no campo dos leitores de tela.
- A consecução da acessibilidade utilizando, entre outros recursos, o Desenho Universal. Ele deve ser aplicado, por exemplo, em rampas e banheiros adaptados, nos transportes coletivos.
Ao analisarmos a Educação Inclusiva pelo enfoque da acessibilidade, é prioritário:
- o entorno - o percurso do aluno à escola, às ruas, o meio de transporte, por exemplo;
- o edifício da escola;
- a sala de aula e seu mobiliário;
- o material didático;
- o equipamento de informática;
- as ajudas técnicas de informática;
- a realização das adaptações curriculares necessárias, considerando-se aqui duas modalidades necessárias para a inclusão de alunos com necessidades educativas especiais, em classes regulares - as adaptações de acesso ao currículo (eliminação de barreiras arquitetônicas e metodológicas) e as adaptações pedagógicas (ou curriculares, propriamente ditas). (OLIVEIRA & SÁ, 2008).
Reconhecemos que desenvolver um processo de educação inclusiva não é algo fácil. Não é algo que se consiga por um "passe de mágica", requer planejamento, aceitação das diferentes maneiras de ser e de expressar da cada educando, assim como uma reflexão permanente sobre as práticas empreendidas na escola, visando a oferta da respostas adequadas às suas necessidades. (MARTINS,2006).
A educação inclusiva pode ser definida como "a prática da inclusão de todos - independentemente de seu talento, deficiência, origem socioeconômica ou cultural - em escolas e salas de aula provedoras. onde as necessidades desses alunos sejam satisfeitas" (STAINBACK & STAINBACK, 1999:21).
Referências
Martins, Lúcia de Araújo Ramos. Inclusão Compartilhando Saberes: Inclusão escolar: algumas notas introdutórias, Petrópolis , RJ: Vozes, 2006
Oliveira, Eloíza da Silva Gomes; Sá, Mácia Souto Maior Mourão. Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Inclusão: Atitudes e técnicas facilitadoras da inclusão, Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2008.
Atenção! Importado e modificado apenas para leitura de pesquisadores.