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A Língua de Sinais faz parte da cultura surda e, assim como qualquer outra, é carregada de significação social, Sabe-se que para conhecermos um povo e sua cultura é necessário conhecermos uma forma de comunicação, no caso a língua. Esta, ao mesmo tempo em que permite a troca de informações e ideias, veicula discursos, expressa subjetividade e, portanto, ultrapassa os objetivos de uma simples combinação e se constitui na expressão da identidade de uma comunidade (SKILAR, 1998; PERLIN, 1998).
As Línguas de Sinais igualam-se às Línguas Orais por exercerem as mesmas funções lingüísticas na vida de seu usuário. Trata-se de uma língua independente dos demais sistemas lingüísticos. Ela é considerada, assim uma Língua Natural desenvolvida pela comunidade surda, possibilitando o a acesso dessas pessoas a toda as atividades sociais (GOLDFELD, 1997).
Estudos realizados com relação às Línguas de Sinais procuram desmistificar algumas afirmações errôneas quanto a essa modalidade da língua, como:
Mito 1: "A Língua de Sinais seria uma mistura de pantomima e gesticulação concreta, incapaz de expressar conceitos abstratos" (QUADROS; KARNOPP, 2004).
Ao contrário dessa afirmação, os estudos demonstram que as Línguas de Sinais podem sim expressar pensamentos abstratos. Por meio dela é possível discutir política, economia, matemática, física, psicologia ou mesmo produzir poemas e peças teatrais.
Mito 2: "Haveria uma única e universal Língua de Sinais usada por todas as pessoas surdas" (QUADROS; KARNOPP, 2004).
A Língua de Sinais não é universal, cada país tem a sua própria. Dessa forma, quando um surdo aprende uma segunda Língua de Sinais, por exemplo, ele utiliza sinais com sotaque estrangeiro. Então a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é diferente da Língua de Sinais Americana (ASL), assim como estas são diferentes da Língua de Sinais Italiana, Japonesa e assim por diante.
Mito 3: "Haveria uma falha na organização gramatical da Língua de Sinais, que seria derivada das Línguas de Sinais, sendo um pidgin sem estrutura própria, subordinado e inferior às Línguas Orais" (QUADROS; KARNOPP, 2004).
As Línguas de Sinais não são simplesmente uma versão manual das Línguas Orais. Elas são completamente independentes uma da outra. Portanto, a Língua de Sinais, assim como a língua falada, é composta por sua própria gramática, semântica, pragmática, sintaxe e outros elementos que preenche os requisitos básicos para ser considerado um instrumento lingüístico eficiente. Esses aspectos constituem uma configuração sistêmica de uma nova modalidade de língua.
Mito 4: "A Língua de Sinais seria um sistema de comunicação superficial, com conteúdo restrito, sendo estética, expressiva e linguisticamente inferior ao sistema de comunicação oral" (QUADROS; KARNOPP, 2004).
Essa afirmação se baseia na concepção errada que algumas pessoas têm como relação à estrutura da Língua de Sinais. Muitos pensam que essa língua não apresenta elementos como preposições e conjunções. No entanto, por ser uma língua de modalidade espaço-visual, a Língua de Sinais agrega esses elementos estruturais nos sinais por meio de expressões faciais e corporais.
Mito 5: "As Línguas de Sinais derivam da comunicação gestual espontânea dos ouvintes" (QUADROS; KARNOPP, 2004).
A Língua de Sinais apresenta todos os elementos classificatórios identificáveis de uma língua. Ela tem sua estrutura gramatical própria e é reconhecida lingüisticamente como uma nova modalidade da capacidade de linguagem. Sendo assim, seu aprendizado demanda tempo e prática, com o qualquer outra língua.
Mito 6: "As Línguas de Sinais, por serem organizadas espacialmente, estariam representadas no hemisfério direito do cérebro, uma vez que esse hemisfério é responsável pelo processamento de informação espacial, enquanto que os esquerdo, pela linguagem" (QUADROS; KARNOPP, 2004).
Os estudos sobre as Línguas de Sinais comprovam que quanto à estrutura neurológica, as Línguas de Sinais apresentam organização semelhante à das Línguas Orais, pois ambas estão vinculadas ao hemisfério esquerdo do cérebro. Portanto, a Língua de Sinais se organiza no mesmo modo que a Língua Falada. Além disso, ela não é simplesmente um conjunto de mímicas e gestos soltos utilizados pelos surdos para facilitar a comunicação. As Línguas de Sinais têm próprias estruturas gramaticais. Sendo assim, elas são tão importantes e tão complexas quanto às Línguas da modalidade oral.
Referências
CHAVEIRO, N.; SILVA, C. M. O.; SILVA, A. P. M. O.; SILVA, F. P; MATOS, M. S. S; BORGES, P. R. Mitos da Língua de Sinais na Perspectiva de Docentes da Universidade Federal de Goiás. Disponível em : http://www.editora-arara-azul.com.br/revista/compar3.php>. Importado para um breve resumo.