"Compartilhando Experiências: Superando Desafios e Ampliando Horizontes"

Neste espaço, pode-se escrever as experiências boas e ruins como uma forma de compartilhar nossas dificuldades ao trabalharmos em um país onde as leis e decretos frequentemente não passam do papel. Quando criei este blog, meu objetivo era desabafar a frustração que sentia ao ver tantos alunos em Goiânia sem intérpretes de Libras devido ao descaso do governo. No entanto, logo percebi que poderia ir além e comecei a publicar textos de pessoas que nem conhecia, mas que gostei de ler. Acreditei que compartilhar esse material seria útil para outras pessoas em suas pesquisas. Surpreendentemente, meu blog teve um acesso significativo em pouco tempo, considerando que foi criado em abril de 2011. Gostaria de expressar meu agradecimento a todos que têm visitado este blog. Espero ter ajudado e contribuído de alguma forma. Se você tiver um texto para compartilhar, envie-me, pois eu o postarei, o que também será uma ajuda para mim. E-mail: regisneia@gmail.com

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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Mitos da Língua de Sinais

Imagem do Google

A Língua de Sinais faz parte da cultura surda e, assim como qualquer outra, é carregada de significação social, Sabe-se que para conhecermos um povo e sua cultura é necessário conhecermos uma forma de comunicação, no caso a língua. Esta, ao mesmo tempo em que permite a troca de informações e ideias, veicula discursos, expressa subjetividade e, portanto, ultrapassa os objetivos de uma simples combinação e se constitui na expressão da identidade de uma comunidade (SKILAR, 1998; PERLIN, 1998).

As Línguas de Sinais igualam-se às Línguas Orais por exercerem as mesmas funções lingüísticas na vida de seu usuário. Trata-se de uma língua independente dos demais sistemas lingüísticos. Ela é considerada, assim uma Língua Natural desenvolvida pela comunidade surda, possibilitando o a acesso dessas pessoas a toda as atividades sociais (GOLDFELD, 1997).

Estudos realizados com relação às Línguas de Sinais procuram desmistificar algumas afirmações errôneas quanto a essa modalidade da língua, como:

Mito 1: "A Língua de Sinais seria uma mistura de pantomima e gesticulação concreta, incapaz de expressar conceitos abstratos" (QUADROS; KARNOPP, 2004).

Ao contrário dessa afirmação, os estudos demonstram que as Línguas de Sinais podem sim expressar pensamentos abstratos. Por meio dela é possível discutir política, economia, matemática, física, psicologia ou mesmo produzir poemas e peças teatrais. 

Mito 2: "Haveria uma única e universal Língua de Sinais usada por todas as pessoas surdas" (QUADROS; KARNOPP, 2004). 

A Língua de Sinais não é universal, cada país tem a sua própria. Dessa forma, quando um surdo aprende uma segunda Língua de Sinais, por exemplo, ele utiliza sinais com sotaque estrangeiro. Então a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é diferente da Língua de Sinais Americana (ASL), assim como estas são diferentes da Língua de Sinais Italiana, Japonesa e assim por diante. 

Mito 3: "Haveria uma falha na organização gramatical da Língua de Sinais, que seria derivada das Línguas de Sinais, sendo um pidgin sem estrutura própria, subordinado e inferior às Línguas Orais" (QUADROS; KARNOPP, 2004).

As Línguas de Sinais não são simplesmente uma versão manual das Línguas Orais. Elas são completamente independentes uma da outra. Portanto, a Língua de Sinais, assim como a língua falada, é composta por sua própria gramática, semântica, pragmática, sintaxe e outros elementos que preenche os requisitos básicos para ser considerado um instrumento lingüístico eficiente. Esses aspectos constituem uma configuração sistêmica de uma nova modalidade de língua.

Mito 4: "A Língua de Sinais seria um sistema de comunicação superficial, com conteúdo restrito, sendo estética, expressiva e linguisticamente inferior ao sistema de comunicação oral" (QUADROS; KARNOPP, 2004).

Essa afirmação se baseia na concepção errada que algumas pessoas têm como relação à estrutura da Língua de Sinais. Muitos pensam que essa língua não apresenta elementos como preposições e conjunções. No entanto, por ser uma língua de modalidade espaço-visual, a Língua de Sinais agrega esses elementos estruturais nos sinais por meio de expressões faciais e corporais. 

Mito 5: "As  Línguas de Sinais derivam da comunicação gestual espontânea dos ouvintes" (QUADROS; KARNOPP, 2004).

A Língua de Sinais apresenta todos os elementos classificatórios identificáveis de uma língua. Ela tem sua estrutura gramatical própria e é reconhecida lingüisticamente como uma nova modalidade da capacidade de linguagem. Sendo assim, seu aprendizado demanda tempo e prática, com o qualquer outra língua.

Mito 6: "As Línguas de Sinais, por serem organizadas espacialmente, estariam representadas no hemisfério direito do cérebro, uma vez que esse hemisfério é responsável pelo processamento de informação espacial, enquanto que os esquerdo, pela linguagem" (QUADROS; KARNOPP, 2004).

Os estudos sobre as Línguas de Sinais comprovam que quanto à estrutura neurológica, as Línguas de Sinais apresentam organização semelhante à das Línguas Orais, pois ambas estão vinculadas ao hemisfério esquerdo do cérebro. Portanto, a Língua de Sinais se organiza no mesmo modo que a Língua Falada. Além disso, ela não é simplesmente um conjunto de mímicas e gestos soltos utilizados pelos surdos para facilitar a comunicação. As Línguas de Sinais têm próprias estruturas gramaticais. Sendo assim, elas são tão importantes e tão complexas quanto às Línguas da modalidade oral.

Referências
CHAVEIRO, N.; SILVA, C. M. O.; SILVA, A. P. M. O.; SILVA, F. P; MATOS, M. S. S; BORGES, P. R. Mitos da Língua de Sinais na Perspectiva de Docentes da Universidade Federal de Goiás. Disponível em : http://www.editora-arara-azul.com.br/revista/compar3.php>. Importado para um breve resumo.