"Compartilhando Experiências: Superando Desafios e Ampliando Horizontes"

Neste espaço, pode-se escrever as experiências boas e ruins como uma forma de compartilhar nossas dificuldades ao trabalharmos em um país onde as leis e decretos frequentemente não passam do papel. Quando criei este blog, meu objetivo era desabafar a frustração que sentia ao ver tantos alunos em Goiânia sem intérpretes de Libras devido ao descaso do governo. No entanto, logo percebi que poderia ir além e comecei a publicar textos de pessoas que nem conhecia, mas que gostei de ler. Acreditei que compartilhar esse material seria útil para outras pessoas em suas pesquisas. Surpreendentemente, meu blog teve um acesso significativo em pouco tempo, considerando que foi criado em abril de 2011. Gostaria de expressar meu agradecimento a todos que têm visitado este blog. Espero ter ajudado e contribuído de alguma forma. Se você tiver um texto para compartilhar, envie-me, pois eu o postarei, o que também será uma ajuda para mim. E-mail: regisneia@gmail.com

Tradizir página

Adicionar aos Favoritos

Imprimir ou Salvar em PDF

Print Friendly and PDF

terça-feira, 28 de junho de 2011

Opiniões de diversos autores sobre os princípios e os pressupostos da educação inclusiva

Imagem Google Gráfico sobre preconceito escolar

Análise através do olhar da psicóloga, pedagoga e psicopedagoga, Maria Antonieta M.A. Voivodic em seu livro: Inclusão Escolar de Crianças com Síndrome de Down. A doutora começa o livro afirmando que a deficiência sempre esteve presente em sua vida, pois teve polimielite e que mesmo naquela época seus pais assumiram uma postura de aceitação, visto que ainda não se falava em inclusão, más por intuição ou por falta de recursos, sempre procuraram propiciar as estimulações que ela necessitava como: nas brincadeiras, dança, bicicleta e outras situações que normalmente pertencem ao dia-a-dia de uma criança. Ela ainda afirma que sua infância foi muito feliz, que estudou e se formou, indo trabalhar em uma escola, que lá tentou, mudar o enfoque de atuação da educação, que essa deveria ser educativa e não terapêutica como é com toda criança. Apesar de tentar intervir não obteve os resultados pretendidos e tudo que ela via era crianças sendo agregadas, passando de uma instituição para outra. Após dois anos e meio de trabalho ela saiu dessa escola e junto com outra colega montou uma escola de educação infantil, o sonho de trabalhar com alunos deficientes estava adormecido, até que teve uma oportunidade de receber um aluno com hidrocefalia, daí então, começaram todos os estudos e descobertas para atender esse aluno que acabou atraindo outros com outras deficiências, e uma situação que ela mencionou foi que ao receber alunos deficientes acabou perdendo outros alunos que não portavam deficiências por preconceito dos pais, porém continuou firme com seu projeto. Hoje através de suas pesquisas, vou postar apenas as opiniões de diversos autores sobre educação inclusiva nas escolas, em outro momento postarei aqui, seu estudo sobre os alunos com Síndrome de Down. Segundo a autora: "Na política educacional brasileira, podemos constatar uma preocupação governamental com a 'educação para todos', preferencialmente em classes comuns de ensino regular, evidenciada na proposição de leis e normas já aprovadas. Em outros artigos eu já postei algumas Leis de Políticas Públicas Inclusivas, então não me estenderei nesse assunto, por favor, leiam: Qual é a Proposta da Inclusão neste Blog. Continuando: Segundo Mendes,(1999:14), "As propostas não garantem competência à escola para ensinar alunos com necessidades educativas especiais. Elas até podem favorecer a inserção desses alunos nas classes regulares, mas não garantem que eles irão permanecer, ou que irão aprender o que lá será  ensinado, e muito menos que terão equiparadas suas oportunidades de desenvolver todas suas potencialidades".

Entende-se que na educação é importante se ater ao fator de transformação para todos os indivíduos, uma educação de qualidade, que atenda suas necessidades educativas especiais, torna-se fundamental para os indivíduos com deficiência mental. A autora ainda afirma que é a própria sociedade quem cria os problemas para a pessoa com deficiência mental, colocando-a em desvantagem (handcap) para desempenhar suas funções em virtude de ambientes restritivos e discriminatórios.

A educação inclusiva não surgiu por acaso. É fruto de um momento histórico e faz parte de um sistema social e econômico em transformação. Aqui ela começa com as opiniões de outros autores: Segundo Mrech (1999), a inclusão tem suas raízes em movimentos anteriores à própria década de 1996 e seus eixos básicos se formaram a partir de quatro vertentes: a emergência da psicanálise, a luta pelos direitos humanos, a pedagogia institucional e o movimento de desinstitucionalização manicomial. 

A inclusão, também está ligada a movimentos de pais, um exemplo foi no EUA, que os pais de alunos com deficiência fundaram organizações como a National Association for Retarded Citizens, com o objetivo de reivindicar educação para seus filhos e defender o direito de serem escolarizados em ambientes mais normalizados (cf. Silva et al., 2002: 5-13). Então, nas décadas de 1980 e 1990 começa-se a falar sobre inclusão. A educação de deficientes no Brasil iniciou-se em instituições especializadas, nas quais ficavam segregados do convívio com as pessoas normais. Porém na década de 1950, em caráter experimental, a primeira sala de recursos em São Paulo para que deficientes visuais estudassem em classes comuns. Essa tendência pela educação integrada e não segregada ampliou-se com a criação de outras salas de aluno deficiente sensorial e com a criação de classes especiais para alunos com deficiência mental. A partir das décadas de 1960 e 1970, apareceram programas voltados para integração (mainstreaming), em nosso sistema educacional encontramos atualmente uma verdadeira integração não-planejada ou uma inclusão incipiente. A integração não-planejada refere-se à presença de crianças com deficiência na sala comum, sem apoio especializado e sem planejamento. Isso ocorre por causa de escassez de serviços de diagnóstico precoce, fazendo com que a escola regular se torne a única alternativa disponível (cf. Odeh, apud Mrech, 1999).

Vemos que no Brasil, o acompanhamento das posturas internacionais se faz através de leis que postulam determinadas ações, mas cuja implementação é lenta e não planejada. Vou abrir um parêntese aqui na fala da autora, porque não posso ficar calada. Aqui em Goiás o descaso é tão grande que muitos profissionais contratados foram mandados embora, consequentemente muitos alunos ficaram sem apoio, o que quer dizer que nem sempre a leis andam lentamente, e sim, são descumpridas.

Continuando: integração vem do verbo integrar, que significa formar, coordenar ou combinar num todo unificado. Inclusão, do verbo incluir, significa compreender, fazer parte de, ou participar de. 
Dens (apud Masini, 200), coordenador do movimento integracionista da Europa, em 1998, assinala as seguintes características que diferenciam os termos integração e inclusão: integração refere-se a intervenções para que a criança com necessidades especiais possa acompanhar a escola, sendo o trabalho feito individualmente com a criança e não com a escola; inclusão é o oposto, é um movimento voltado para o atendimento das necessidades da criança, buscando um currículo correto para incluí-la.

Mantoan (1997) reitera a posição de Dens, pois acredita que, para que a inclusão seja efetivada, sejam necessárias mudanças de paradigmas sociais de forma a propiciar um ensino de qualidade para todos. Essa autora é bastante enfática ao afirmar que a inclusão é impossível de se efetivar por meio de modelos tradicionais de organização do sistema escolar. Para ela a integração é uma forma condicional de inserção que vai depender do nível de capacidade do aluno de adaptação ao sistema escolar, porém o esquema se mantém o mesmo.

Bueno (2001) também diferencia integração e inclusão dependendo de como a escola lida com a deficiência. Para esse autor, a integração tem como pressuposto que o problema reside nas características das crianças com necessidades educativas especiais, sendo que a inserção em escolas comuns só ocorre "sempre que suas condições pessoais permitirem". Já a inclusão coloca a questão da incorporação dessas crianças pelo ensino regular sob outra ótica, reconhecendo a existência das mais variadas diferenças. Essa visão considera as diferenças humanas normais, sendo que a escola deve adaptar-se às necessidades das crianças.

Para Masini (1997), quando se fala em integração da pessoa portadora de deficiência, não se pode deixar de lado a constituição psíquica do sujeito, salientando que quaisquer projetos que sejam realizados nesse sentido precisam levar em consideração as condições de formação da personalidade. Segundo a autora, integração e inclusão não são sinônimos e devem ser posteriores à integração psíquica do indivíduo.
Mazzota (1998) entende inclusão e integração como processos essenciais à vida humana ou à vida em sociedade. "O ponto fundamental é a compreensão de que o sentido de integração pressupõe a ampliação da participação nas situações comuns para indivíduos e grupos que se encontravam segregados. Portanto, é para os alunos que estão em serviços de educação especial ou outras situações segregadas que prioritariamente se justifica a busca da integração. Para os demais portadores de deficiência, deve-se pleitear a educação baseada no princípio da não segregação ou da inclusão". (Mazzota, 1998: 5).

Carvalho (1997), ao abordar o tema, usa indiferentemente os dois termos. São palavras da autora: "Assim como a integração, a inclusão é um processo que não vai ocorrer por decreto dos legisladores! E mais, essa inclusão, cujo corolário é a integração, só terá os efeitos desejados se, e apenas se, for aceita por toda a comunidade escolar" (Carvalho, 1997: 204). Novamente terei que interferir aqui, sem querer ser enfadonha, pois em um de meus artigos falo justamente disso: é muito fácil construir leis e aprová-las, porém deve-se preocupar em preparar a sociedade para inteirá-las em seu cotidiano, não se esquecendo de promover cursos sobre "Políticas Públicas Inclusivas aos Governantes", porque eles são os primeiros as descumpri-las. 

Continuando o estudo da pesquisadora: Glat (1997) adverte para a dificuldade de transformar o discurso sobre integração em uma prática generalizada e permanente. Enfatiza que se esta integração for vista apenas sobre o ponto de vista funcional, apesar das garantias legais de efetivação da proposta, chegaremos ao máximo a uma inserção espacial ou integração física.

Schwartzman (1997) entende que não se pode ser aprioristicamente contra ou a favor da ideia de integração, antes de definir o tipo de integração a que se refere e que tipos de deficiências estão sendo levados em conta. Acredita que criança com quadros leves de retardamento mental, ou outras deficiências (intelectuais, motoras, sensoriais), com graus leves de comprometimento, podem se beneficiar do ensino regular na medida em que encontrem circunstâncias pedagógicas, psicológicas e pessoais favoráveis. Porém, no caso de prejuízos mais severos, coloca a integração como discutível e utópica e adverte que, dependendo do comprometimento, será impossível a frequência dessas crianças em uma classe de ensino regular. Mais uma vez entrarei nesse assunto para dar minha opinião: em determinados momentos alguns alunos com deficiência mental, realmente não têm condições cognitivas de apreender as disciplinas oferecidas, ou seja, o currículo escolar não foi adaptado para receber esses alunos, e como estão acompanhados de um professor de apoio, este professor acaba executando um papel que não é o seu, infringindo o código de ética, ao fazer os trabalhos e provas, isso eu já vi acontecer, sendo que, o aluno está visivelmente ali para se sociabilizar, então, deve-se encontrar uma maneira de fazê-lo pertencer a esse grupo de alunos ditos normais, sem ferir os direitos dos pertencentes a esse grupo,  que são prejudicados por não terem a mesma cognição e perspicácia do professor em questão. 

A autora acredita que as opiniões dos autores citados, dependendo do tipo de necessidade educacional da criança, permeiam as principais polêmicas. Que considerando que a pluralidade, e não a igualdade é principal característica do ser humano, e que a educação deve contemplar essa diversidade da condição humana, propiciando oportunidades iguais para seu desenvolvimento, fica evidente que não é apenas o educando, com deficiência ou não, que deve adaptar-se ao sistema de ensino e sim a escola é que tem o dever de atender as necessidades da criança para a sua real participação, ou seja, para a sua inclusão. (Voivodic, 2008: 29).

Referência Bibliográfica:
VOIVODIC, Maria Antonieta M.A. Inclusão escolar de crianças com Síndrome de Down, Petrópoles, RJ: Vozes, 2008.
Atenção! não postarei as referências feitas pela autora, mesmo porque minha única referência foi seu livro.


segunda-feira, 27 de junho de 2011

Mãos que Calam a Vida Continua, Relembrando o Começo de Tudo

Google imagens mãos de adultos e bebê uma sobre a outra
 Em nossa Constituição no Art. 205 lemos que: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. E nesse âmbito pegamos carona com a Declaração de Salamanca que diz que: toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem. Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regulares, que satisfaz a tais necessidades. Segundo afirma José Pires, o termo inclusão reflete o momento histórico de um processo de progressão por que passa a visão de nossa sociedade relativa à deficiência. O que, afinal sugere essa prática? Se, ao longo de um processo, os holofotes mudaram como sublinha Mônica Pereira dos Santos – passagens sucessivas do indivíduo para os serviços de apoio pra a sala de aula, para uma visão multidimensional -, a prática da inclusão reflete uma luta pela educação para todos que, por sua vez, faz parte do processo maior ainda de luta pelo reconhecimento da igualdade de valores entre os seres humanos.
As leis que garantem e asseguram os direitos dos indivíduos, sem observar etnia, raça ou sexo, me leva a  lembrança de minha trajetória: no ano de 2009 participei de um Processo Seletivo para professores na Subsecretaria de Inhumas. Preenchi tudo e no final acrescentei "LIBRAS". Quando a atendente viu esse nome ela me perguntou - Você sabe LIBRAS? Eu lhe respondi: NÃO! Coloquei só por colocar, comecei Libras faz muito tempo e não concluí, nem precisa me ligar para eu trabalhar nessa área, aliás, tira isso daí. - Não ela disse, mesmo com o pouco que você sabe pode ser útil. Dias depois a coordenadora me ligou pra dizer que fui selecionada para atuar como Profissional Intérprete de Libras, que eu deveria fazer uma prova de proficiência no dia tal. – O quê? Não posso. Não sou qualificada, fiz esse curso há anos e esqueci tudo, sem contar que nem terminei. – Tudo bem, eu consigo um prazo pra você se preparar mais, marco a prova pra daqui quinze dias, boa sorte. Eu visitei o Curso Chaplin e contei para o professor Edson, ele se dispôs a me dar aulas particulares e seguimos com estudo, choro, desespero e agonia. No dia da prova não passei e liguei para a coordenadora lhe dando a má notícia. – Tudo bem, depois você passa. Vá à Escola Tal, e leva seus documentos, o aluno é muito nervoso e quer uma intérprete de qualquer jeito, e só temos você. Desliguei o telefone e comecei a chorar. Não era possível eu deveria ficar feliz, mas estava triste e desesperada me considerava incapaz de exercer tal função e esse aluno como seria nosso dia-a-dia? Levei tudo fui contratada, mas antes falei com ele disse que sabia pouquinho Libras, imediatamente ele disse tudo bem. Os dias começaram a transcorrer e ele começou a me rejeitar dizendo que eu não sabia Libras que ele queria alguém com capacidade de lhe traduzir o que os professores falavam, eu na maior saia justa, queria o trabalho, não tinha competência, estava com complexo de rejeição e chorava em casa todo dia. Tomei uma decisão: capacitar-me para poder atendê-lo melhor. Recebi um dinheiro referente a um lote que vendi e paguei o Curso todo à vista. Não resolveu. Eu estava caminhando muito lentamente ele conhecia Libras desde os nove anos, não tinha paciência comigo, nem sei dizer a inúmeras vezes que pedi demissão pra Diretora e pra coordenadora da Sub, elas diziam sempre a mesma coisa: - Vá levando, liga não. Ele sempre foi assim: agressivo e desinteressado, antes ele tinha uma intérprete o contrato dela venceu ele era assim também, a tratava mal. E assim o ano seguiu seu ritmo com o aluno fugindo de mim dentro da sala de aula, se recusando a olhar pra mim. Quando eu sentava ao seu lado ele sentava em outro lugar, só me procurava nas horas dos trabalhos e das provas, eu para tentar conquistá-lo, fazia-lhe os trabalhos e respondia suas provas. Formei no final daquele ano em Libras, e durante o ano fiz novos cursos nessa área. Passei para outra Instituição e comecei a fazer um curso de Intérprete, passei na UFG em Letras Libras e também na Proficiência em LIBRAS.
Quando chegou o fim do ano meu contrato foi cancelado por burocracia, sendo que havia dois alunos  portadores de Necessidades Educativas Especiais e precisavam de uma intérprete, mas a atual Diretora não requereu minha recontratação. Foi quando recebi uma ligação de uma Assistente Social me convidando para trabalhar por Goiânia, ela teve conhecimento de minha pessoa através de uma colega de Pós em Educação Especial. Eu já tinha concluído o Curso de Pedagogia. Aceitei de pronto, e quando cheguei lá constatei que a aluna não conhecia Libras, era uma copista e não sabia Português. Aceitei o desafio de lhe ensinar ambos: pesquisei sobre o assunto, pedi orientação especializada e comecei a desenvolver meu trabalho de alfabetização. No início ela tinha vergonha de fazer os sinais em libras, chorava e dizia que queria um aparelho para aprender a ouvir. Um dia a levei ao Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS). Foi uma experiência formidável: ela teve contato com outros Surdos, percebeu o quanto é importante aprender Libras, andou de carro com um Surdo, fez novas amizades e gostou muito. A partir desse dia seu interesse pela Língua Brasileira de Sinais foi outro, estava indo muito bem no aprendizado e desenvolvendo lentamente na Língua Portuguesa. O ano passou e ela fez uma apresentação em Libras da Oração do Pai Nosso. Esse ano de 2011, eu tinha novos planos para nós, quero dizer para seu aprendizado. Eu iria levá-la para fazer o Curso de Libras a partir do segundo semestre lá no (CAS), pois sua mãe não tem tempo, apesar de a aluna já ter completado 18 anos ela nunca fez um curso que lhe ensinasse sua primeira Língua. Meu Diretor fez de tudo para que eu fosse recontratada, correu atrás, mas no dia último do mês de Março passado, fiquei sabendo que meu contrato ainda não foi assinado, e que por isso eu trabalhei e não recebi me deram um número de Processo para que possa acompanhar o andamento da situação se serei recontratada e quando isso ocorrerá. Eu disse pode deixar. DESISTO! Não tenho condições de trabalhar de graça, sou uma pessoa que têm compromissos a serem cumpridos, preciso receber, eu gosto muito da aluna, mas infelizmente terei que abandonar esse trabalho. E foi o que aconteceu. Eu parei de trabalhar com a aluna, deixei-a em prantos e vim embora pra casa. Hoje sou uma profissional nessa área e digo o seguinte: para se gostar de trabalhar Inclusão é como gostar de Ópera ou você ama ou odeia. Não foi amor a primeira vista, a Inclusão foi me conquistando aos poucos e estou tão apaixonada que nem sei como recomeçar minha vida diante dessa separação. Tenho experiência ampla na área de vendas, porém está difícil voltar para o antigo ramo profissional. Então pergunto onde Estão as Leis? Estou sabendo que tem aluno evadindo da sala de aula por não ter um profissional intérprete, isso sem contar, nos vários alunos que precisam de um profissional que lhes deem um suporte especial. Essa é mais uma burocracia e descaso dos Governantes com o profissional, as Leis e Decretos ficam apenas no papel para fazer bonito lá fora para outros países lerem. Eu criei esse blog e através dele venho tentado ajudar pesquisadores em seus estudos, ainda sou leiga em termos de construção de blog (rss..), mas estou sempre pesquisando e lendo o que for possível, estou estudando e prestando concursos e peço à todos que torçam por mim. Até hoje minha ex-aluna chora por mim, e de vez em quando eu saio com ela, os outros alunos, eu soube que um ainda continua estudando sem intérprete assim como essa aluna que me referi. Agora é torcer para o Governador de Goiás dar novas oportunidades aos profissionais através de concursos públicos. Enquanto isso...


Implante Coclear

Google imagem bebê com implante coclear


O implante coclear é uma cirurgia feita há mais ou menos  20 anos no Brasil e consiste na implantação de um equipamento eletrônico computadorizado que substitui totalmente o ouvido de pessoas que têm surdez profunda. Assim, o implante é que estimula diretamente o nervo auditivo através de pequenos eletrodos que são colocados na orelha interna, dentro da cóclea. O nervo leva esses sinais para o cérebro. Funciona como um ouvido biônico. As primeiras pesquisas com implante coclear começaram na França em 1957 e no início da década de 70 e foram usadas clinicamente nos Estados Unidos. É um aparelho muito sofisticado que foi uma das maiores conquistas da engenharia ligada à medicina. Já existem mais de 20 mil pessoas no mundo que são implantadas. Um processador semelhante a um microfone em miniatura detecta as frequências componentes dos sons de entrada e as envia para o local apropriado na membrana basilar, por fios minúsculos. O implante coclear tem causado muito interesse e polêmica entre a comunidade surda, pois seus resultados muitas vezes não são os desejados e trata-se de uma cirurgia irreversível, ou seja, a orelha operada nunca mais poderá receber nenhum outro tipo de amplificação caso a cirurgia não tenha sido um sucesso. A indicação do implante coclear é feita para os casos de perda auditiva profunda bilateral e quando o uso de AASI não funciona proporcionou bons resultados. A diferença entre o implante Coclear e o a AASI é que o primeiro é um estimulador elétrico, ele fará o papel de toda a orelha. Já o AASI é um amplificador de sons. Após uma avaliação médica, os candidatos são aqueles que se enquadram basicamente nos seguintes critérios: 
Crianças
  • Surdez Neurossensorial profunda bilateral ("surdez do nervo");
  • Idade de 18 meses ou mais;
  • Pouco ou nenhum benefício com o uso de AASI após seis meses de uso;
  • Sem contraindicação médica;
  • Motivação e expectativas familiares apropriadas e realistas;
  • Necessário acompanhemento fonoaudiológico.
Adultos (com suredez pós-lingual)
  • Surdez severa ou profunda em ambos os ouvidos;
  • Surdez adquirida após aprendizado de linguagem oral;
  • Benefício limitado de aparelhos acústicos bem adaptados e um resultado de menos de 30% de reconhecimento de sentenças testadas com aparelho de audição;
  • Sem contraindicação médica;
  • Motivação e expectativa adequadas.
Adultos (com surdez pré-lingual)
  • Surdez severa ou profunda em ambos os ouvidos adquirida antes de aprnder a falar;
  • Surdez adquirida antes do aprendizado de linguagem oral;
  • Benefício limitado de aparelhos acústicos de audição bem adaptados e um resultado de menos de 30% de reconhecimento de sentenças testadas com aparelho de audição;
  • Sem contraindicação médica;
  • Motivação e expectativa realistas.
O implante coclear é uma nova tecnologia a serviço das pessoas que apresentam uma perda profunda de audição, mas é importante saber que:
  • nem todos são candidatos a esta tecnologia;
  • seu uso depende do uso do aparelho e de uma antena externa;
  • após a cirurgia se faz necessário muito tempo de terapia fonoaudiológica;
  • a cirurgia mais o aparelho do transplante custam em média cinquenta mil e as filas no Sistema Único de Saúde (SUS) são imensas. (Esclarecendo as Deficiências).
 Meu nome é Maiara Marques, tenho 30 anos e sou mãe de uma linda garotinha, Sarah, que nasceu com surdez profunda bilateral. Ao descobrirmos a surdez ficamos sem chão... Enfim, para quem recorrer? Mas isso durou apenas algumas horas. Então, fomos à luta! 
Buscamos saber sobre surdez, aparelho, cirurgia, Libras, escola... Foi quando descobrimos o implante coclear em um site. Mas, até chegarmos ao implante, fomos lhe ensinando Libras, comecei a ler, comprar livros para que eu pudesse aprender para passar a ela. Com 1 ano e 10 meses, minha filha falava em sua língua materna, a Libras, e fazia uso do aparelho de amplificação sonora individual (AASI), mas sem ganho. Foi aí que pesquisamos bastante sobre o implante coclear, procuramos outras pessoas que haviam feito, mas em minha cidade, ela foi a primeira a realizar tal cirurgia. Buscamos então o Hospital das Clínicas em São Paulo, onde começaram a ser realizados vários tipos de exames, consultas, testes, até o dia 8 junho de 2005, às 16 h, quando foi realizada a cirurgia. Horas de angustia e ansiedade, mas também de alegria por termos conseguido algo de bom para ela. Chegou o grande dia de ligar os equipamentos externos: 12 de agosto de 2005. Ao entrarmos na sala, a ansiedade tomava conta de nós, queríamos saber qual seria a reação de nossa princesa ao ouvir pela promeira vez... A emoção foi grande quando o implante foi ativado, lembro-me como se fosse hoje: ela olhou pra mim, para o meu esposo, e começamos a chorar. Naquele dia fizemos testes o dia todo - assobio, palmas, rádio e o tão esperado: a chamamos pelo seu nome: Sarah. Então, ela nos olhou e deu um sorriso. A alegria que sentimos naquele momento só estava começando, assim como minha luta para incluí-la em uma escola regular. Tenho um blog www.mayarinhamarques.blogspot.com no qual  há matérias onde os pais podem tirar suas dúvidas, assim como eu meu esposo tivemos. (Ciranda da Inclusão).

Referências:
HONORA, Márcia; FRIZANCO, Mary Lopes Esteves. Ciranda da Inclusão: Esclarecendo as Deficiências, São Paulo, Ciranda Cultural, 2009.
Revisata Ciranda da Inclusão, 2010.  
Importado apenas para leitura.


quarta-feira, 22 de junho de 2011

TRÊS DIAS PARA VER

Imagem Google Helen Keller cheirando uma flor enquanto faz leitura através dos dedos
Por Helen Keller

O que você olharia se tivesse apenas três dias de visão?
Helen Keller (1880-1968), uma mulher extraordinária, cega, surda e muda desde bebê, nos chama a atenção para a apreciação de nossos sentidos, algo que normalmente não percebemos. Apenas de posse do sentido do tato e uma perseverança inigualável, sob a orientação de Anne Sullivan Macy, Keller pôde aprender a ler e escrever pelo método Braille, chegando mesmo a falar, por imitação das vibrações da garganta de sua preceptora, as quais captava com as pontas dos dedos.
O esforço de sua mente em procurar se comunicar com o exterior teve como resultado o afloramento de uma inteligência excepcional, considerada a maior vitória individual da história da educação. Ela foi uma educadora, escritora e advogada de cegos. Tinha muita ambição e grande poder de realização. Ao lado de Sullivan, percorreu vários países do mundo promovendo campanhas para melhorar a situação dos deficientes visuais e auditivos. É considerada uma das grandes heroínas do mundo.  A Srta. Helen alterou nossa percepção do deficiente.

Publicado no Reader’s Digest (Seleções) há 70 anos. Texto selecionado
por Silvia Helena Cardoso


Várias vezes pensei que seria uma bênção se todo ser humano, de repente, ficasse cego e surdo por alguns dias no principio da vida adulta. As trevas o fariam apreciar mais a visão e o silencio lhe ensinaria as alegrias do som.

De vez em quando testo meus amigos que enxergam para descobrir o que eles veem. Há pouco tempo perguntei a uma amiga que voltava de um longo passeio pelo bosque o que ela observara. “Nada de especial”, foi à resposta.

Como é possível, pensei, caminhar durante uma hora pelos bosques e não ver nada digno de nota? Eu, que não posso ver, apenas pelo tacto encontro centenas de objetos que me interessam. Sinto a delicada simetria de uma folha. Passo as mãos pela casca lisa de uma bétula ou pelo tronco áspero de um pinheiro. Na primavera, toco os galhos das árvores na esperança de encontrar um botão, o primeiro sinal da natureza despertando após o sono do inverno. Por vezes, quando tenho muita sorte, pouso suavemente a mão numa arvorezinha e sinto o palpitar feliz de um pássaro cantando.

Às vezes meu coração anseia por ver tudo isso. Se consigo ter tanto prazer com um simples toque, quanta beleza poderia ser revelada pela visão! E imaginei o que mais gostaria de ver se pudesse enxergar, digamos por apenas três dias.

Eu dividiria esse período em três partes. No primeiro dia gostaria de ver as pessoas cuja bondade e companhias fizeram minha vida valer a pena. Não sei o que é olhar dentro do coração de um amigo pelas “janelas da alma”, os olhos. Só consigo “ver” as linhas de um rosto por meio das pontas dos dedos. Posso perceber o riso, a tristeza e muitas outras emoções. Conheço meus amigos pelo que toco em seus rostos.
 
Como deve ser mais fácil e muito mais satisfatório para você, que pode ver, perceber num instante as qualidades essenciais de outra pessoa ao observar as sutilezas de sua expressão, o tremor de um músculo, a agitação das mãos. Mas será que já lhe ocorreu usar a visão para perscrutar a natureza íntima de um amigo? Será que a maioria de vocês que enxergam não se limita a ver por alto as feições externas de uma fisionomia e se dar por satisfeita? Por exemplo, você seria capaz de descrever com precisão o rosto de cinco bons amigos? Como experiência, perguntei a alguns maridos qual a exata cor dos olhos de suas mulheres e muitos deles confessaram, encabulados, que não sabiam.
Ah, tudo que eu veria se tivesse o dom da visão por apenas três dias!

O primeiro dia seria muito ocupado. Eu reuniria todos os meus amigos queridos e olharia seus rostos por muito tempo, imprimindo em minha mente as provas exteriores da beleza que existe dentro deles. Também fixaria os olhos no rosto de um bebê, para poder ter a visão da beleza ansiosa e inocente que precede a consciência individual dos conflitos que a vida apresenta. Gostaria de ver os livros que já foram lidos para mim e que me revelaram os meandros mais profundos da vida humana. E gostaria de olhar nos olhos fiéis e confiantes de meus cães, o pequeno scottie terrier e o vigoroso dinamarquês.
À tarde daria um longo passeio pela floresta, intoxicando meus olhos com belezas da natureza. E rezaria pela glória de um pôr-do-sol colorido. Creio que nessa noite não conseguiria dormir.

No dia seguinte eu me levantaria ao amanhecer para assistir ao empolgante milagre da noite se transformando em dia. Contemplaria assombrado o magnífico panorama de luz com que o Sol desperta a Terra adormecida. Esse dia eu dedicaria a uma breve visão do mundo, passado e presente. Como gostaria de ver o desfile do progresso do homem, visitaria os museus. Ali meus olhos, veriam a história condensada da Terra os animais e as raças dos homens em seu ambiente natural; gigantescas carcaças de dinossauros e mastodontes que vagavam pelo planeta antes da chegada do homem, que, com sua baixa estatura e seu cérebro poderoso, dominaria o reino animal.

Minha parada seguinte seria o Museu de Artes. Conheço bem, pelas minhas mãos, os deuses e as deusas esculpidos da antiga terra do Nilo. Já senti pelo tacto as cópias dos frisos do Paternon e a beleza rítmica do ataque dos guerreiros atenienses. As feições nodosas e barbadas de Homero me são caras, pois também ele conheceu a cegueira.

Assim, nesse meu segundo dia, tentaria sondar a alma do homem por meio de sua arte. Veria então o que conheci pelo tacto. Mais maravilhoso
ainda, todo o magnífico mundo da pintura me seria apresentado. Mas eu poderia ter apenas uma impressão superficial. Dizem os pintores que, para se apreciar a arte, real e profundamente, é preciso educar o olhar. É preciso, pela experiência, avaliar o mérito das linhas, da composição, da forma e da cor. Se eu tivesse a visão, ficaria muito feliz por me entregar a um estudo tão fascinante.

À noite de meu segundo dia seria passada no teatro ou no cinema. Como gostaria de ver a figura fascinante de Hamlet ou o tempestuoso Falstaff no colorido cenário elisabetano! Não posso desfrutar da beleza do movimento rítmico senão numa esfera restricta ao toque de minhas mãos. Só posso imaginar vagamente a graça de uma bailarina, como Pavlova, embora conheça algo do prazer do ritmo, pois muitas vezes sinto o compasso da música vibrando através do piso. Imagino que o movimento cadenciado seja um dos espetáculos mais agradáveis do mundo. Entendi algo sobre isso, deslizando os dedos pelas linhas de um mármore esculpido; se essa graça estática pode ser tão encantadora, deve ser mesmo muito mais forte a emoção de ver a graça em movimento.

Na manhã seguinte, ávida por conhecer novos deleites, novas revelações de beleza, mais uma vez receberia a aurora. Hoje, o terceiro dia,passarei no mundo do trabalho, nos ambientes dos homens que tratam do negócio da vida. A cidade é o meu destino.

Primeiro, paro numa esquina movimentada, apenas olhando para as pessoas, tentando, por sua aparência, entender algo sobre seu dia-a-dia. Vejo sorrisos e fico feliz. Vejo uma séria determinação e me orgulho. Vejo o sofrimento e me compadeço.  Caminhando pela 5ª Avenida, em Nova York, deixo meu olhar vagar, sem se fixar em nenhum objeto em especial, vendo apenas um caleidoscópio fervilhando de cores. Tenho certeza de que o colorido dos vestidos das mulheres movendo-se na multidão deve ser uma cena espetacular, da qual eu nunca me cansaria. Mas talvez, se pudesse enxergar, eu seria como a maioria das mulheres – interessadas demais na moda para dar atenção ao esplendor das cores em meio à massa.

Da 5ª Avenida dou um giro pela cidade – vou aos bairros pobres, às fábricas, aos parques onde as crianças brincam. Viajo pelo mundo visitando os bairros estrangeiros. E meus olhos estão sempre bem abertos tanto para as cenas de felicidade quanto para as de tristeza, de modo que eu possa descobrir como as pessoas vivem e trabalham, e compreendê-las melhor.

Meu terceiro dia de visão está chegando ao fim. Talvez haja muitas atividades a que devesse dedicar as poucas horas restantes, mas acho que na noite desse último dia vou voltar depressa a um teatro e ver uma peça cômica, para poder apreciar as implicações da comédia no espírito humano.

À meia-noite, uma escuridão permanente outra vez se cerraria sobre mim. Claro, nesses três curtos dias eu não teria visto tudo que queria ver. Só quando as trevas descessem de novo é que me daria conta do quanto eu deixei de apreciar.

Talvez este resumo não se adapte ao programa que você faria se soubesse que estava prestes a perder a visão. Nas sei que, se encarasse esse destino, usaria seus olhos como nunca usara antes. Tudo quanto visse lhe pareceria novo. Seus olhos tocariam e abraçariam cada objeto que surgisse em seu campo visual. Então, finalmente, você veria de verdade, e um novo mundo de beleza se abriria para você.

Eu, que sou cega, posso dar uma sugestão àqueles que veem: usem seus olhos como se amanhã fossem perder a visão. E o mesmo se aplica aos outros sentidos. Ouça a música das vozes, o canto dos pássaros, os possantes acordes de uma orquestra, como se amanhã fossem ficar surdos. Toquem cada objeto como se amanhã perdessem o tacto. Sintam o perfume das flores, saboreiem cada bocado, como se amanhã não mais sentissem aromas nem gostos. Usem ao máximo todos os sentidos; goze de todas as facetas do prazer e da beleza que o mundo lhes revela pelos vários meios de contacto fornecidos pela natureza. Mas, de todos os sentidos, estou certa de que a visão deve ser o mais delicioso.

Obrigada professor Gerson Carneiro, por este texto lindo e emocionante.