Google imagens mãos de adultos e bebê uma sobre a outra |
Em nossa Constituição no Art. 205 lemos que: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. E nesse âmbito pegamos carona com a Declaração de Salamanca que diz que: toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem. Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regulares, que satisfaz a tais necessidades. Segundo afirma José Pires, o termo inclusão reflete o momento histórico de um processo de progressão por que passa a visão de nossa sociedade relativa à deficiência. O que, afinal sugere essa prática? Se, ao longo de um processo, os holofotes mudaram como sublinha Mônica Pereira dos Santos – passagens sucessivas do indivíduo para os serviços de apoio pra a sala de aula, para uma visão multidimensional -, a prática da inclusão reflete uma luta pela educação para todos que, por sua vez, faz parte do processo maior ainda de luta pelo reconhecimento da igualdade de valores entre os seres humanos.
As leis que garantem e asseguram os direitos dos indivíduos, sem observar etnia, raça ou sexo, me leva a lembrança de minha trajetória: no ano de 2009 participei de um Processo Seletivo para professores na Subsecretaria de Inhumas. Preenchi tudo e no final acrescentei "LIBRAS". Quando a atendente viu esse nome ela me perguntou - Você sabe LIBRAS? Eu lhe respondi: NÃO! Coloquei só por colocar, comecei Libras faz muito tempo e não concluí, nem precisa me ligar para eu trabalhar nessa área, aliás, tira isso daí. - Não ela disse, mesmo com o pouco que você sabe pode ser útil. Dias depois a coordenadora me ligou pra dizer que fui selecionada para atuar como Profissional Intérprete de Libras, que eu deveria fazer uma prova de proficiência no dia tal. – O quê? Não posso. Não sou qualificada, fiz esse curso há anos e esqueci tudo, sem contar que nem terminei. – Tudo bem, eu consigo um prazo pra você se preparar mais, marco a prova pra daqui quinze dias, boa sorte. Eu visitei o Curso Chaplin e contei para o professor Edson, ele se dispôs a me dar aulas particulares e seguimos com estudo, choro, desespero e agonia. No dia da prova não passei e liguei para a coordenadora lhe dando a má notícia. – Tudo bem, depois você passa. Vá à Escola Tal, e leva seus documentos, o aluno é muito nervoso e quer uma intérprete de qualquer jeito, e só temos você. Desliguei o telefone e comecei a chorar. Não era possível eu deveria ficar feliz, mas estava triste e desesperada me considerava incapaz de exercer tal função e esse aluno como seria nosso dia-a-dia? Levei tudo fui contratada, mas antes falei com ele disse que sabia pouquinho Libras, imediatamente ele disse tudo bem. Os dias começaram a transcorrer e ele começou a me rejeitar dizendo que eu não sabia Libras que ele queria alguém com capacidade de lhe traduzir o que os professores falavam, eu na maior saia justa, queria o trabalho, não tinha competência, estava com complexo de rejeição e chorava em casa todo dia. Tomei uma decisão: capacitar-me para poder atendê-lo melhor. Recebi um dinheiro referente a um lote que vendi e paguei o Curso todo à vista. Não resolveu. Eu estava caminhando muito lentamente ele conhecia Libras desde os nove anos, não tinha paciência comigo, nem sei dizer a inúmeras vezes que pedi demissão pra Diretora e pra coordenadora da Sub, elas diziam sempre a mesma coisa: - Vá levando, liga não. Ele sempre foi assim: agressivo e desinteressado, antes ele tinha uma intérprete o contrato dela venceu ele era assim também, a tratava mal. E assim o ano seguiu seu ritmo com o aluno fugindo de mim dentro da sala de aula, se recusando a olhar pra mim. Quando eu sentava ao seu lado ele sentava em outro lugar, só me procurava nas horas dos trabalhos e das provas, eu para tentar conquistá-lo, fazia-lhe os trabalhos e respondia suas provas. Formei no final daquele ano em Libras, e durante o ano fiz novos cursos nessa área. Passei para outra Instituição e comecei a fazer um curso de Intérprete, passei na UFG em Letras Libras e também na Proficiência em LIBRAS.
Quando chegou o fim do ano meu contrato foi cancelado por burocracia, sendo que havia dois alunos portadores de Necessidades Educativas Especiais e precisavam de uma intérprete, mas a atual Diretora não requereu minha recontratação. Foi quando recebi uma ligação de uma Assistente Social me convidando para trabalhar por Goiânia, ela teve conhecimento de minha pessoa através de uma colega de Pós em Educação Especial. Eu já tinha concluído o Curso de Pedagogia. Aceitei de pronto, e quando cheguei lá constatei que a aluna não conhecia Libras, era uma copista e não sabia Português. Aceitei o desafio de lhe ensinar ambos: pesquisei sobre o assunto, pedi orientação especializada e comecei a desenvolver meu trabalho de alfabetização. No início ela tinha vergonha de fazer os sinais em libras, chorava e dizia que queria um aparelho para aprender a ouvir. Um dia a levei ao Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS). Foi uma experiência formidável: ela teve contato com outros Surdos, percebeu o quanto é importante aprender Libras, andou de carro com um Surdo, fez novas amizades e gostou muito. A partir desse dia seu interesse pela Língua Brasileira de Sinais foi outro, estava indo muito bem no aprendizado e desenvolvendo lentamente na Língua Portuguesa. O ano passou e ela fez uma apresentação em Libras da Oração do Pai Nosso. Esse ano de 2011, eu tinha novos planos para nós, quero dizer para seu aprendizado. Eu iria levá-la para fazer o Curso de Libras a partir do segundo semestre lá no (CAS), pois sua mãe não tem tempo, apesar de a aluna já ter completado 18 anos ela nunca fez um curso que lhe ensinasse sua primeira Língua. Meu Diretor fez de tudo para que eu fosse recontratada, correu atrás, mas no dia último do mês de Março passado, fiquei sabendo que meu contrato ainda não foi assinado, e que por isso eu trabalhei e não recebi me deram um número de Processo para que possa acompanhar o andamento da situação se serei recontratada e quando isso ocorrerá. Eu disse pode deixar. DESISTO! Não tenho condições de trabalhar de graça, sou uma pessoa que têm compromissos a serem cumpridos, preciso receber, eu gosto muito da aluna, mas infelizmente terei que abandonar esse trabalho. E foi o que aconteceu. Eu parei de trabalhar com a aluna, deixei-a em prantos e vim embora pra casa. Hoje sou uma profissional nessa área e digo o seguinte: para se gostar de trabalhar Inclusão é como gostar de Ópera ou você ama ou odeia. Não foi amor a primeira vista, a Inclusão foi me conquistando aos poucos e estou tão apaixonada que nem sei como recomeçar minha vida diante dessa separação. Tenho experiência ampla na área de vendas, porém está difícil voltar para o antigo ramo profissional. Então pergunto onde Estão as Leis? Estou sabendo que tem aluno evadindo da sala de aula por não ter um profissional intérprete, isso sem contar, nos vários alunos que precisam de um profissional que lhes deem um suporte especial. Essa é mais uma burocracia e descaso dos Governantes com o profissional, as Leis e Decretos ficam apenas no papel para fazer bonito lá fora para outros países lerem. Eu criei esse blog e através dele venho tentado ajudar pesquisadores em seus estudos, ainda sou leiga em termos de construção de blog (rss..), mas estou sempre pesquisando e lendo o que for possível, estou estudando e prestando concursos e peço à todos que torçam por mim. Até hoje minha ex-aluna chora por mim, e de vez em quando eu saio com ela, os outros alunos, eu soube que um ainda continua estudando sem intérprete assim como essa aluna que me referi. Agora é torcer para o Governador de Goiás dar novas oportunidades aos profissionais através de concursos públicos. Enquanto isso...