Imagem Google Gráfico sobre preconceito escolar |
Análise através
do olhar da psicóloga, pedagoga e psicopedagoga, Maria Antonieta M.A. Voivodic
em seu livro: Inclusão Escolar de Crianças com
Síndrome de Down. A doutora começa o livro afirmando que a deficiência sempre
esteve presente em sua vida, pois teve polimielite e que mesmo naquela
época seus pais assumiram uma postura de aceitação, visto que ainda não se
falava em inclusão, más por intuição ou por falta de recursos, sempre
procuraram propiciar as estimulações que ela necessitava como: nas
brincadeiras, dança, bicicleta e outras situações que normalmente pertencem ao
dia-a-dia de uma criança. Ela ainda afirma que sua infância foi muito feliz,
que estudou e se formou, indo trabalhar em uma escola, que lá tentou, mudar o
enfoque de atuação da educação, que essa deveria ser educativa e não
terapêutica como é com toda criança. Apesar de tentar intervir não obteve os
resultados pretendidos e tudo que ela via era crianças sendo agregadas,
passando de uma instituição para outra. Após dois anos e meio de trabalho ela
saiu dessa escola e junto com outra colega montou uma escola de educação
infantil, o sonho de trabalhar com alunos deficientes estava adormecido, até
que teve uma oportunidade de receber um aluno com hidrocefalia, daí então,
começaram todos os estudos e descobertas para atender esse aluno que acabou
atraindo outros com outras deficiências, e uma situação que ela mencionou foi
que ao receber alunos deficientes acabou perdendo outros alunos que não
portavam deficiências por preconceito dos pais, porém continuou firme com seu
projeto. Hoje através de suas pesquisas, vou postar apenas as opiniões de
diversos autores sobre educação inclusiva nas escolas, em outro momento
postarei aqui, seu estudo sobre os alunos com Síndrome de Down. Segundo a
autora: "Na política educacional brasileira, podemos constatar uma preocupação
governamental com a 'educação para todos', preferencialmente em classes comuns
de ensino regular, evidenciada na proposição de leis e normas já aprovadas. Em
outros artigos eu já postei algumas Leis de Políticas Públicas Inclusivas,
então não me estenderei nesse assunto, por favor, leiam: Qual é a Proposta da
Inclusão neste Blog. Continuando: Segundo Mendes,(1999:14), "As propostas
não garantem competência à escola para ensinar alunos com necessidades
educativas especiais. Elas até podem favorecer a inserção desses alunos nas
classes regulares, mas não garantem que eles irão permanecer, ou que irão
aprender o que lá será ensinado, e muito menos que terão equiparadas suas
oportunidades de desenvolver todas suas potencialidades".
Entende-se que
na educação é importante se ater ao fator de transformação para todos os
indivíduos, uma educação de qualidade, que atenda suas necessidades educativas
especiais, torna-se fundamental para os indivíduos com deficiência mental. A
autora ainda afirma que é a própria sociedade quem cria os problemas para a
pessoa com deficiência mental, colocando-a em desvantagem (handcap) para
desempenhar suas funções em virtude de ambientes restritivos e
discriminatórios.
A educação
inclusiva não surgiu por acaso. É fruto de um momento histórico e faz parte de
um sistema social e econômico em transformação. Aqui ela começa com as opiniões
de outros autores: Segundo Mrech (1999), a inclusão tem suas raízes em
movimentos anteriores à própria década de 1996 e seus eixos básicos se formaram
a partir de quatro vertentes: a emergência da psicanálise, a luta pelos
direitos humanos, a pedagogia institucional e o movimento de
desinstitucionalização manicomial.
A inclusão, também está ligada a movimentos
de pais, um exemplo foi no EUA, que os pais de alunos com deficiência fundaram
organizações como a National Association for Retarded Citizens, com o objetivo
de reivindicar educação para seus filhos e defender o direito de serem
escolarizados em ambientes mais normalizados (cf. Silva et al., 2002: 5-13).
Então, nas décadas de 1980 e 1990 começa-se a falar sobre inclusão. A educação
de deficientes no Brasil iniciou-se em instituições especializadas, nas quais
ficavam segregados do convívio com as pessoas normais. Porém na década de 1950,
em caráter experimental, a primeira sala de recursos em São Paulo para que
deficientes visuais estudassem em classes comuns. Essa tendência pela educação
integrada e não segregada ampliou-se com a criação de outras salas de aluno
deficiente sensorial e com a criação de classes especiais para alunos com
deficiência mental. A partir das décadas de 1960 e 1970, apareceram programas
voltados para integração (mainstreaming), em nosso sistema educacional
encontramos atualmente uma verdadeira integração não-planejada ou uma inclusão
incipiente. A integração não-planejada refere-se à presença de crianças com
deficiência na sala comum, sem apoio especializado e sem planejamento. Isso
ocorre por causa de escassez de serviços de diagnóstico precoce, fazendo com que
a escola regular se torne a única alternativa disponível (cf. Odeh, apud Mrech,
1999).
Vemos que no Brasil, o acompanhamento das posturas internacionais se faz
através de leis que postulam determinadas ações, mas cuja implementação é lenta
e não planejada. Vou abrir um parêntese aqui na fala da autora, porque não
posso ficar calada. Aqui em Goiás o descaso é tão grande que muitos
profissionais contratados foram mandados embora, consequentemente muitos alunos
ficaram sem apoio, o que quer dizer que nem sempre a leis andam lentamente, e
sim, são descumpridas.
Continuando:
integração vem do verbo integrar, que significa formar, coordenar ou combinar
num todo unificado. Inclusão, do verbo incluir, significa compreender, fazer
parte de, ou participar de.
Dens (apud
Masini, 200), coordenador do movimento integracionista da Europa, em 1998,
assinala as seguintes características que diferenciam os termos integração e
inclusão: integração refere-se a intervenções para que a criança com
necessidades especiais possa acompanhar a escola, sendo o trabalho feito
individualmente com a criança e não com a escola; inclusão é o oposto, é um
movimento voltado para o atendimento das necessidades da criança, buscando um
currículo correto para incluí-la.
Mantoan (1997)
reitera a posição de Dens, pois acredita que, para que a inclusão seja
efetivada, sejam necessárias mudanças de paradigmas sociais de forma a
propiciar um ensino de qualidade para todos. Essa autora é bastante enfática ao
afirmar que a inclusão é impossível de se efetivar por meio de modelos
tradicionais de organização do sistema escolar. Para ela a integração é uma
forma condicional de inserção que vai depender do nível de capacidade do aluno
de adaptação ao sistema escolar, porém o esquema se mantém o mesmo.
Bueno (2001)
também diferencia integração e inclusão dependendo de como a escola lida com a
deficiência. Para esse autor, a integração tem como pressuposto que o problema
reside nas características das crianças com necessidades educativas especiais,
sendo que a inserção em escolas comuns só ocorre "sempre que suas
condições pessoais permitirem". Já a inclusão coloca a questão da
incorporação dessas crianças pelo ensino regular sob outra ótica, reconhecendo
a existência das mais variadas diferenças. Essa visão considera as diferenças
humanas normais, sendo que a escola deve adaptar-se às necessidades das
crianças.
Para Masini
(1997), quando se fala em integração da pessoa portadora de deficiência, não se
pode deixar de lado a constituição psíquica do sujeito, salientando que
quaisquer projetos que sejam realizados nesse sentido precisam levar em
consideração as condições de formação da personalidade. Segundo a autora,
integração e inclusão não são sinônimos e devem ser posteriores à integração
psíquica do indivíduo.
Mazzota (1998)
entende inclusão e integração como processos essenciais à vida humana ou à vida
em sociedade. "O ponto fundamental é a compreensão de que o sentido de
integração pressupõe a ampliação da participação nas situações comuns para
indivíduos e grupos que se encontravam segregados. Portanto, é para os alunos
que estão em serviços de educação especial ou outras situações segregadas que
prioritariamente se justifica a busca da integração. Para os demais portadores
de deficiência, deve-se pleitear a educação baseada no princípio da não
segregação ou da inclusão". (Mazzota, 1998: 5).
Carvalho (1997),
ao abordar o tema, usa indiferentemente os dois termos. São palavras da autora:
"Assim como a integração, a inclusão é um processo que não vai ocorrer por
decreto dos legisladores! E mais, essa inclusão, cujo corolário é a integração,
só terá os efeitos desejados se, e apenas se, for aceita por toda a comunidade
escolar" (Carvalho, 1997: 204). Novamente terei que interferir aqui, sem
querer ser enfadonha, pois em um de meus artigos falo justamente disso: é muito
fácil construir leis e aprová-las, porém deve-se preocupar em preparar a
sociedade para inteirá-las em seu cotidiano, não se esquecendo de promover
cursos sobre "Políticas Públicas Inclusivas aos Governantes", porque
eles são os primeiros as descumpri-las.
Continuando o
estudo da pesquisadora: Glat (1997) adverte para a dificuldade de transformar o
discurso sobre integração em uma prática generalizada e permanente. Enfatiza
que se esta integração for vista apenas sobre o ponto de vista funcional,
apesar das garantias legais de efetivação da proposta, chegaremos ao máximo a
uma inserção espacial ou integração física.
Schwartzman
(1997) entende que não se pode ser aprioristicamente contra ou a favor da ideia
de integração, antes de definir o tipo de integração a que se refere e que
tipos de deficiências estão sendo levados em conta. Acredita que criança com
quadros leves de retardamento mental, ou outras deficiências (intelectuais,
motoras, sensoriais), com graus leves de comprometimento, podem se beneficiar
do ensino regular na medida em que encontrem circunstâncias pedagógicas,
psicológicas e pessoais favoráveis. Porém, no caso de prejuízos mais severos,
coloca a integração como discutível e utópica e adverte que, dependendo do
comprometimento, será impossível a frequência dessas crianças em uma classe de
ensino regular. Mais uma vez entrarei nesse assunto para dar minha opinião: em
determinados momentos alguns alunos com deficiência mental, realmente não têm
condições cognitivas de apreender as disciplinas oferecidas, ou seja, o
currículo escolar não foi adaptado para receber esses alunos, e como estão
acompanhados de um professor de apoio, este professor acaba executando um papel
que não é o seu, infringindo o código de ética, ao fazer os trabalhos e provas,
isso eu já vi acontecer, sendo que, o aluno está visivelmente ali para se
sociabilizar, então, deve-se encontrar uma maneira de fazê-lo pertencer a esse
grupo de alunos ditos normais, sem ferir os direitos dos pertencentes a esse
grupo, que são prejudicados por não terem a mesma cognição e perspicácia
do professor em questão.
A autora
acredita que as opiniões dos autores citados, dependendo do tipo de necessidade
educacional da criança, permeiam as principais polêmicas. Que considerando que
a pluralidade, e não a igualdade é principal característica do ser humano, e
que a educação deve contemplar essa diversidade da condição humana, propiciando
oportunidades iguais para seu desenvolvimento, fica evidente que não é apenas o
educando, com deficiência ou não, que deve adaptar-se ao sistema de ensino e
sim a escola é que tem o dever de atender as necessidades da criança para a sua
real participação, ou seja, para a sua inclusão. (Voivodic, 2008: 29).
Referência Bibliográfica:
VOIVODIC,
Maria Antonieta M.A. Inclusão escolar de crianças com Síndrome de Down,
Petrópoles, RJ: Vozes, 2008.
Atenção! não
postarei as referências feitas pela autora, mesmo porque minha única referência
foi seu livro.